A sensibilidade pós-restauração pode conter diversas causas. Embora não seja possível determinar toda a etiologia do problema, podemos citar os mais comuns, que são: trauma oclusal e no preparo, sensibilidade do adesivo, uso de broca cega, má refrigeração do corte, hibridização dentinária insatisfatória, entre outros. Além disso, a proteção pulpar deficiente, cavidade profunda e até mesmo a idade do paciente podem estar entre as principais causas.
Neste artigo, abordaremos as diferentes formas de prevenção e tratamento para casos de sensibilidade pós-restauração. Vamos lá?
Origens da sensibilidade
A sensibilidade pode ter origem pulpo/dentinária ou periodontal, podendo ser explicada pela teoria hidrodinâmica, ou seja, quando ocorre movimentação de fluídos através dos canalículos dentinários. A partir disso, como resultado, gerando dor ao paciente. Em outras palavras, está diretamente relacionada às condições do preparo e da restauração.
Já a origem periodontal, pode ser decorrente dos grampos do isolamento. Eles podem agredir a gengiva ou empurrar o elemento dentário, gerando uma resposta dolorosa oriunda dos ligamentos periodontais. Da mesma forma, uma restauração prematura e/ou com interferências oclusais, pode provocar um trauma oclusal, efetuando uma pressão não fisiológica ao periodonto.
Em suma, o trauma oclusal também pode exercer pressão sobre a dentina através da restauração movimentando os fluídos. Portanto, esta é considerada uma condição dentinoperiodontal.
Como se comportar diante da sensibilidade pós-restauração
O profissional não deve se frustrar diante de uma sensibilidade pós-restauração, pois esse fenômeno é relativamente comum. Pense que, assim como a pele que fica dolorida após um corte, a dentina também está sujeita ao mesmo resultado. É fato que a dentina possui terminações nervosas, no entanto o simples trauma do preparo já predispõe à dor que pode ou não ser prolongada.
Ácido na Dentina causa sensibilidade?
O ácido em dentina tem sido associado à sensibilidade pós-restauração, mas ainda há controvérsias sobre o assunto. A aplicação em dentina é recomendada por não mais do que 20s. Um tempo superior ao mencionado, pode ser o causador da sensibilidade. Alguns autores, sugerem o uso de adesivos autocondicionantes como forma de diminuir o quadro de sensibilidade. Esses adesivos possuem um pH ácido em sua fase monomérica que age como um ataque ácido, ainda que suave. Todavia, não agem satisfatoriamente no esmalte, o que requer um passo adicional de ataque ácido nessa estrutura.
Como prevenir?
1. Use sempre uma broca nova sob intensa refrigeração, gerando o mínimo de calor possível!
2. Procure polimerizar bem seu adesivo e resina. O monômero residual, produzido pela incompleta conversão do material, costuma agredir o complexo dentina/polpa e pode ser resultante da má polimerização feita pelo dentista.
3. Use o adesivo de sua preferência dentro da técnica preconizada pelo fabricante. Não invente! O fabricante estudou muito sobre o assunto antes de recomendar um protocolo. Existem muitas marcas e muitos tipos de adesivos. Leia sempre as instruções de uso.
4. Forramento cavitário. No livro Odontologia Reabilitadora Instantânea com Fibra, de minha autoria, há um capítulo exclusivo sobre o assunto, com o protocolo e passo a passo da técnica. De minha parte, há uma convicção de que o melhor forramento é a camada híbrida formada entre o adesivo e a dentina. Recomendo o hidróxido de cálcio ou ionômero de vidro apenas nas cavidades muito profundas, e numa área bem reduzida onde se estime estar a menos de 1mm da polpa.
5. Faça sempre uma excelente polimerização! Se o seu fotopolimerizador não é potente o suficiente e nesse momento, você não pode adquirir um equipamento que seja satisfatório, saiba que é possível ter os mesmos resultados aumentando o tempo de fotopolimerização.
6. Evite bolhas nas restaurações. Elas podem causar dor pela expansão do ar quando comemos ou bebemos alimentos quentes. Essa expansão gera compressão sobre as paredes, incluindo a parede pulpar, sendo um fator de estímulo doloroso.
7. É recomendável polimerizar em camadas não superiores a 2mm, ou seja, evite polimerizar resinas em largas espessuras. Isso gera muito calor e alta contração de polimerização.
Fonte: blog.dentalcremer.com.br/